este é "festa barata", um poema sobre um relacionamento e seu término.
comprei o teu ingresso, o meu, e o de maria
quem sabe eu passe hoje à noite pra te buscar
não sei nem hora certa, nem lugar
mas sei que a música vai tocar como um fato distante
acompanhada de dança, do jeito que dá
não sei se em festa barata dá pra dançar
ou se o máximo que a gente pode fazer
é beber qualquer coisa que tivermos em mãos
mirando os espelhos onde as luzes cegam
tudo quanto é olho, revelando movimentos ocultos
de dedos e mãos e braços e cotovelos
eu comprei o teu ingresso e o meu, mas nunca mais vi maria
ouvi dizer que no casamento dela todo mundo estava tão bêbado
que nem sabia mais por que estava lá, talvez nem mesmo ela
pode ser que a gente vá ainda hoje
eu comprei o teu ingresso
desfiz os nós que me prendiam a tudo
me separei do joio, feito trigo
demorei, mas voltei sozinho
andando em círculos, rodopiando
como nas cirandas de quando éramos meninos
mesmo que nossos pés estejam sem forças
mesmo assim a gente vai dançar numa festa barata
ainda hoje, em um ritmo que só o corpo sente
e só o corpo entende, nunca a mente
nós dois juntos, sem nenhum espaço
entre a música que toca e a gente
segurando nas mãos nossos ingressos
nós dois, que fomos a soma de cada um de nós
hoje dançaremos a sós.
--- Send in a voice message: https://podcasters.spotify.com/pod/show/poesiaquasetododia/message
festa barata