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poesia quase todo dia
fio de corte
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fio de corte

poema de eduardo furbino
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noite de karl wiener

fio de corte é um poema inspirado em “tenho quebrado copos”, da ana martins marques, publicado em seu livro das semelhanças. não tão inspirado assim, mas um pouco… especialmente a frase de abertura, que espelha a declaração inicial de ana em seu poema.

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estou cansado de amolar facas
apontar o gume para o pescoço
ameaçar a garganta para que nenhuma palavra saia
cansado de esmurrar pontas e portas
me comporto no mundo com uma violência antiga
os músculos me bebem a vida
meu queixo é uma taça angulada
queria transbordar afogar as narinas
abafar os ouvidos com água
sou uma mera pedra de amolar espadas
esmerilho meu rosto nas ruas entre a meia noite e as seis
de testemunha: nada, um cão, a lua
a carta nove do baralho de adivinhar coisas
(chamar as coisas pelo nome às vezes traz muito azar
meu nome verdadeiro guardo em perfeito silêncio)
há um fino risco se formando entre minhas têmporas
a pedra angular da qual é feito um homem
é o abandono da delicadeza
qualquer lâmina seria capaz de nos matar
estou cansado de amolar facas
às vezes faço da minha pele um fio de corte
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poesia quase todo dia
este é o poesia quase todo dia, um podcast onde te entrego poesias e prosas curtas escritas por mim, eduardo furbino, um escritor & artista visual mineiro que vive em são paulo. vez ou outra, leio também textos de pessoas que me inspiram. veja mais poemas no instagram: @edufurbino
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