olá! como você tá? espero que bem e animade para o carnaval :)
a edição de hoje tem a temática de cartas e reúne poesias que escrevi para pessoas específicas, algumas delas compartilhadas com elas, outras não.
vez ou outra escrevo em formato epistolar como forma de me comunicar com o passado (ou remetendo-as ao futuro, mas, ainda assim, dialogando com o passado). é o jeito que encontro para encerrar ciclos, remediar traumas, e abrir espaço para o novo.
espero que você curta as poesias e que as compartilhe com seus amigues e conhecides, ajudando a newsletter a crescer! um ótimo final de semana e um carnaval maravilhoso.
p.s. semana que vem não vai ter news porque pretendo estar ligeiramente alterado indo de um bloco para outro, mas volto logo depois do carnaval!
i.
ana é como chamo, aqui, as muitas mulheres e homens que amei.
um anagrama do seu nome teria seu peso em quilos e ainda mais que isso ana abalaria a parede do meu peito me afundando para dentro de mim enquanto embaralho letras à procura de um rumo capaz de atravessar esse muro
ii.
andré é um amigo querido que se tornou um porto seguro em que nunca ancorei.
andré, eu sou uma garota safada não me cabe no olho a imagem de um único homem quando exploro seus corpos não penso na liberação de nada que há neles é, pelo contrário, na minha prisão que penso em ser segurado pelos pulsos e implorar que acabe sabendo, andré, que não quero que acabe sabendo que tudo no mundo é uma distração e o que realmente importa não sou eu quem sabe são eles que vão me contar com as mãos
iii.
olívia foi minha psiquiatra durante um tempo, até que parou de ser.
meu corpo olívia deixou há tempos de ser uma máquina embora lhe seja programável tantas e tantas coisas: a dor de se sentir fora do eixo a fagulha motorizada a que chamo amor os subprodutos de minhas funções tardias quando dorme meu objeto de desejo mas ainda trabalho para lhe garantir o sonho meu corpo olívia é sim uma benção que profano com remédios drogas pó e fumaça que assento em um terreno baldio onde se erguerão fábricas de mágoas e de vida meu corpo é essa incógnita que leio como resposta e talvez por isso e também por tanto mais embora não seja mais nenhuma máquina ainda me pego preso ao ritmo ingovernável e impiedoso das velhas engrenagens que me movem
uma música
acredito que todas as relações são uma forma de amor (a nós ou ao outro). isso dito, a música da semana é paira no ar, das bandas čao laru e pássaro vivo. é um som singelo, sambinha bom, letra tranquila, que deixa um sorriso no rosto e um formigamento nos pés.