esta sétima edição da newsletter é breve, porque essa semana me faltou tempo para digitar os rabiscos nos meus cadernos. então, recorri a poemas que tinha escrito diretamente no celular.
o primeiro e o terceiro compartilham a imagem do lobo, da boca e dos dentes. foram escritos com um bom tempo de diferença e não faço ideia de por que se assemelham. o poeminha que os conecta se relaciona ao tema prevalente nesses meus últimos dias: a espera.
espero que goste. ótimo domingo pra você!
i.
rua vazia é convite para desastre eu cuspia teu nome na calçada a boca de lobo sorrindo pra mim foi onde nos encontramos pela primeira vez seus dentes muito brancos sempre muito brancos eu tinha dentro de mim destinos vermelhos e sua blusa cetim algodão pano velho da cor de todos eles o mau agouro brotando meu peito errando passadas coração na boca rua vazia eu encho de pormenores metros faixas carros rápidos velozes intrépidos e belos aço pintado varando a noite com luz e velocidade uma pressa um moto contínuo e eu cuspindo seu nome na calçada assim relapso sozinho vazio cinza sutil sutilmente preso ao seu desejo de nada
ii.
esperava ter tempo esquecendo que o tempo da espera também é tempo de ação
iii.
um lobo fantasma num corredor bem real minha roupa tem signos de terra estampados feito etiquetas que demarcam a boa educação entre as mil portas fechadas uma aberta o lobo corre mais devagar do que respira o ar não conhece hora para chegar tudo é um vácuo luminoso antes de seu tempo os dentes muito brancos da boca escancarada o som do sino que bate ao longe lançando sobre mim a sombra da espera
uma música
tenho ouvido bastante tempestade, do jonathan silva. é uma música-oração curta que se conecta com a época que vivi em minas. gosto particularmente deste trecho:
minha santa bárbara, acalmai
essa tempestade
minha santa bárbara, levai
a dor da saudade