história de universitário apaixonado
quando tudo era tão mais simples, mas nem por isso mais fácil
boa parte de nós já foi universitário e todos nós já estivemos apaixonados. chances há, então, de você se identificar com o texto de hoje. me diz se estou certo?
boa leitura e uma ótima semana!
ah! antes disso, já ouviu o Uma Poesia Por Dia, o podcast que lancei e onde leio textos meus e de pessoas que me inspiram? tá sendo uma experiência muito show fazer essas leituras e eu adoraria ter você por lá também :)
bixo
quando te conheci, você era assim… bicho, difícil te explicar. era, né? tava lá, loira e linda, mexendo no cabelo enquanto tomava café às sete da manhã de um jeito tão bonito que nunca mais vi igual.
foi amor à primeira vista, sabe como é? claro que não sabe, porque não existe. foi amor à nona ou à décima. a gente riu pra caralho da cara um do outro naquele dia e aí rolou. amor.
você demorou pra saber, porque demorei pra contar, muito embora sempre tenha suspeitado que você era muito mais esperta que eu e tivesse sacado na hora — e também que não estava nem aí e ficou me enrolando por meses, até finalmente começarmos a sair de um jeito… sei lá, mais sério? loucura. loira e linda.
lembro da gente se pegando feito dois idiotas na escada da letras, enquanto calouros passavam pra tudo quanto é lado cheirando a ovo (ovo podre). foi a primeira vez; da segunda nem me lembro mais, faz muito tempo. aí veio a semana de provas, tomei pau em alguma matéria que nem lembro qual, tamanha a importância dela pra quem me tornei.
era tudo idiota na época, pra ser sincero: aulas que não acabavam nunca, professores que tinham desistido de fazer sentido décadas atrás, a cantina servindo aquele pão de queijo miserável, que podia ser usada como arma química. e. eu. lá. te encontrando no intervalo, beijos, carinhos malandros, fugas do campus orquestradas pelo nosso constante estado de saco cheio. éramos adultos em treinamento, gente simples, sem planos maiores do que acordar no dia seguinte.
você era o arquétipo do que eu buscava na vida: espírito solto, raiz fincada na areia, volúvel como as promessas que a gente faz quando se apaixona e quebra quando finge que parou de amar. nunca mais passei tanto tempo fazendo uma única coisa quanto as horas que perdi explorando sua nuca, descendo pelo caminho das suas costas e partindo dali até fronteiras além do que eu poderia imaginar.
eu me lembro de tudo isso porque foi bom, é claro, e aí teve aquela época em que parou de ser e aí voltou a ser por um tempo e, então, não foi nunca mais. e a gente se perdeu em tanta coisa, de tantos jeitos, e se encontrou de tantos outros que não sei dizer como chegamos até aqui — nem onde exatamente é aqui —, mas chegamos. se fosse filme, acabava em alguma coisa, mas a vida é esse negócio em que quem acaba é a gente. e este é, precisamente, um fim.