antes de irmos para os poemas de hoje, queria falar o quão especial foi essa semana. na quinta-feira, lancei minha primeira coleção de prints, um projeto no qual trabalhei durante um bom tempo.
foram meses definindo o tema, buscando referências e pensando em como criar as melhores artes possíveis, levando em consideração as outras mil responsabilidades que já tenho e tomam conta de todos os meus dias. no fim, dei vida a demônio público, uma coleção que remixa obras de alguns dos meus artistas favoritos, disponíveis em domínio público (sacou o trocadilho, né?).
os textos que acompanham as obras foram escritos especificamente para elas ou pareados posteriormente, na tentativa de encontrar um elemento visual que traduzisse o espírito do que estava escrito. os textos são todos introspectivos e investigativos, trazendo à tona questionamentos e situações que nos acompanham durante a vida, verdadeiros demônios que vêm a público por meio dos prints.
conseguir colocar esse projeto no mundo, em meio às tantas dúvidas e angústias que tive a respeito dele, foi um passo muito importante para mim. sou grato a todas as pessoas que me ajudaram a trazer demônio público à vida. principalmente a você, que me lê e me faz acreditar que há espaço no mundo para a minha arte. obrigado! :)
você pode ver todos as artes da coleção e adquiri-las com valor promocional de lançamento na minha loja.
agora, vamos aos textos!
separei três poemas para a newsletter de hoje, dos quais gosto muito. eles não têm ligação temática entre si, abordando assuntos muito distintos. relendo-os em conjunto, no entanto, percebo que os três parecem ser um tipo de conversa entre eu lírico e alguém. um alguém que, aqui, é obviamente você.
fique com os textos e tenha uma ótima semana!
espero dizer o que penso mas não é fácil é muita coisa nasci assim a cabeça sobre ombros largos prontos para suportar todo o peso pensado acho belo prometeu ser tanto um mito grego quanto alguém no passado jurando algo que claro nunca será levado a cabo às vezes me vejo colossal como um titã mas logo passa na maior parte do tempo me sinto o peso em suas costas
talvez ensinem o contrário mas acho pouco provável é bem capaz que apontem um dicionário como prova viva de que há formas muito corretas de se dizer o que se quer que ensinem a pedir como quem implora e a arrastar no chão os joelhos como se fosse ali seu lugar ninguém vai questionar por que a pele se cala ninguém irá contar que quando os poros se abrem é deles que sai a palavra veja, as mãos leem um corpo como a um evangelho onde se prega a promessa de um milagre: deus nascerá de novo no leito onde escorrem a lágrima e o gozo
uma guerra nunca cobra seu preço é distribuída de graça em esquinas nos mais inesperados dos países a dosagem muda conforme necessidade (há que se perguntar a quem a prescreve) já o modo de uso é sempre o mesmo: espalhar uma grossa camada sobre um corpo insuspeito até cobri-lo inteiro deixá-lo imóvel secar ao sol
uma música
a música que não saiu do meu repeat nessa última semana foi dó a dó, na voz da dora morelenbaum. acho a cadência dessa música muito interessante, me pegou de surpresa quando ouvi pela primeira vez.
do podcast
outro áudio que gostaria de indicar é o episódio fio de corte do meu podcast, lançado no dia 15. um poema inspirado pelo clássico tenho quebrado copos da ana martins marques. você pode escutá-lo abaixo!
gosto muito da sua escrita
Poemas muito sensíveis, Eduardo.
Obrigada por compartilhar.