tenho explorado muito o tema da violência ultimamente, escrito sobre como ela foi uma das principais forças usadas pelos homens da minha vida para me ensinar a ser homem, me acompanhando desde a infância e continuando presente mesmo nos dias de hoje, época em que está terapeuticamente controlada, mas ainda aqui.
tenho pensado também em escrever um pouco mais sobre masculinidade, a partir da minha própria experiência, e talvez em breve saia um texto ou outro com esse tema aqui na newsletter. o poema de hoje é o primeiro dessa leva :)
uma história da violência
não mais fazem homens
como antigamente
não mais fazem
fabricam
costuram poros em carne
como no tempo
de minha mãe
avó
pai
não mais
nunca mais
homens baixos altos esbeltos
manuseando correias no ar
batendo batendo
criando choros
belos choros!
uníssonos de duas ou mais
crianças
mulheres
não mais fazem
homens talhados pelo sol
dedos curtos polidos por
enxadas valas facões
onças falos varas
virilhas assassinas
os homens de hoje
não são os de antigamente
nunca mais serão
não mais fazem porque
hoje a violência
é encoberta
dizem
embora seja vista
sempre
a olhos nus